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“Explícita” no MNAA - Entrevista a José Seabra Carvalho

Explícita no MNAA
Par JoÁ£o GALVÁƑO Il y a 6 ans

O Museu Nacional de Arte Antiga traz uma mostra que nos ajuda a recordar que o Nu não é sinónimo de ordinarice.

 

Não há pachorra para ver no Facebook uma fotografia denunciada por ter um mamilo à vista, ao mesmo tempo que a televisão mostra decapitações no Médio Oriente em horário nobre.

 

No Museu de Arte Antiga pode ver uma exposição claramente em contracorrente com este status quo até 28 de outubro. Num tom finamente irónico chama-se “Explícita” e traz 70 peças das reservas do Museu, onde figuram audazmente nus, masculinos e femininos, e mesmo cenas de sexo.

À esquerda "Estudo para a figura de Galateia" e à direita "Estudo para a figura de Pigmaleão", ambos por Anne-Louis Girodet em 1819, desenho a carvão, 20x16.5cm.

 

O Museu Nacional de Arte Antiga pretende desta forma, no próprio âmbito dos Museus e usando as suas próprias “armas”, fomentar o debate em torno de uma questão inesperadamente tão contemporânea: pode a Arte ser um assunto tabu? Deve a visão de um quadro, histórico e de qualidade artística academicamente certificada, ser proibida?

 

Esta mostra evoca as antigas Salas Reservadas de alguns museus, nas quais as pinturas marotas forravam as paredes e todo o conjunto se sobrepunha à importância ou consideração individualizada de uma ou de outra obra de arte.

 

Não resistimos a saber mais sobre este assunto na primeira pessoa e falámos com José Alberto Seabra Carvalho, co-comissário da exposição e Diretor Adjunto do Museu de Arte Antiga.

À esquerda "O banho dos homens" por Albrecht Dürer, c. 1497 (impressão tardia), gravura, 39,2x28cm, e à direita "Angélica" (de "Rogério libertanto Angélica"), da oficina de Jean-Auguste Dominique Ingres, depois de 1819, óleo sobre tela, 36,2x27,7cm.

 

Porquê esta exposição agora, num tempo em que o pudor parece ter regressado, tanto em instituições artísticas como, até, nas redes sociais?

Precisamente por causa dos «ares» deste nosso tempo. Vários museus de arte têm sido criticados/atacados por fazerem o que sempre fizeram: expor arte figurativa (mais ou menos «despida») que não se avalia ou se censura pela maior ou menor área de pele à mostra.
 


Na arte antiga, o Nu e o Despido tinham de alguma forma uma carga erótica? Seriam a Playboy desse tempo?

Claro que tinham. A arte sempre teve a ver com o erotismo e as demais formas de desejo do ser humano. A Playboy não é (pelo menos ainda) um objecto de arte.
 


Este estilo foi tão explorado em Portugal como lá fora? Que razões encontra para a sua resposta?

O nu não teve, historicamente, uma grande presença na arte portuguesa. A hegemonia da arte religiosa, em muitas das épocas, teve certamente um papel importante nessa escassez.
 


Que obras destaca nesta mostra?

O efeito de conjunto, as paredes forradas de cima a baixo na «Sala do Tecto Pintado» são a intenção mais forte da mostra. Cada parede, cada vitrine, é um destaque.

 

Mais info aqui.

 

Imagens cedidas pela instituição.