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Alcobaça: freiras, monges, doces e licores

Alcobaça Mostra Doces & Licores 2017
Par JoÁ£o GALVÁƑO Il y a 7 ans

Alcobaça recebe entre 23 e 26 de novembro a XIX Mostra Internacional de Doces & Licores Conventuais.

Portugal tem um tipo de doçaria quase único no mundo, a dita doçaria conventual. Sabe porquê? Antes da Revolução Liberal do século XIX (uma das muitas que marcaram a história europeia dessa altura), mosteiros e conventos povoavam o país de alto a baixo, desde há séculos, desde mesmo a fundação de Portugal, no século XII: a Igreja foi uma das entidades que a Coroa usou para povoar o território recém conquistado, fixando gentes e desenvolvendo agricultura e ofícios.

Foto de edição anterior, com as bancas das Monjas Cisterciences e do Mosteiro de Sobrado, Espanha.

 

Cada um destes conventos e mosteiros tinha mais ou menos arrendatários em função da importância da Ordem religiosa e da extensão das suas terras. Estes arrendatários pagavam parte das suas rendas com o que a terra produzia, como farinha, mel, ovos e leite.

 

Junte a isto freiras e monges gorduchos, desocupados, gulosos e carentes. O resultado é uma visão verdadeiramente celestial de Barrigas de Freira, Papos d’Anjo, Toucinhos do Céu, tudo receitas mágicas, que levam quatro dúzias de gemas de ovo e implicam pontos de açúcar cronometrados ao segundo.

Presenças incontornáveis desta Mostra: Beijinhos de Freira, Cornucópias e Queijinhos do Céu

 

Aqui não há consolos do tipo é saudável ou é fácil, são todos bombas para o colesterol e atentados aos diabetes, com cuidados infinitos na feitura e preceitos primorosos. Mas é também por isto que a cozinha conventual portuguesa é tão desejada e única.

 

O Mosteiro de Alcobaça, um dos sítios históricos que viu nascer esta categoria culinária, recebe durante estes quatro dias, entre 23 e 26 de novembro, a já XIX Mostra Internacional de Doces & Licores Conventuais. Internacional porque haverá expositores vindos de Espanha, França, Bélgica, Polónia e Brasil, e alguns Mosteiros e Conventos portugueses, como o de Singeverga, em Santo Tirso, dono da receita secreta do seu próprio licor beneditino, o do Louriçal, o de Montalvo e o de Rio Caldo, todos aqueles que continuam esta ancestral arte de pelo açúcar contemplar a face de deus.

Céu da Boca, criação da Padaria do Marquês, em Leiria, 1º prémio do Concurso de Melhor Doce Conventual na edição de 2014

 

Esta Mostra ganha imenso pelo cenário onde decorre: o Mosteiro de Alcobaça é um dos primeiros do seu género a ser construído em Portugal. Para segurar gentes e terras recém conquistadas ao Império Árabe, foi iniciada a sua construção logo em 1178. Foi a Ordem de Cister a que se fez à vida, e de França veio tanto a Ordem como a inspiração. É tão monumental de aspeto como de austero o seu interior, limpo, seco de forma e em altura desmesurada, como define o gótico que é seu berço arquitectónico. Foi aliás o primeiro ensaio do gótico em Portugal, país sempre avesso às modas novas, e foi único durante muitos anos, até a moda pegar definitivamente.

Faz desde dezembro de 1989 parte da Lista do Património Mundial da UNESCO, e todo o conjunto arquitectónico tem permanecido intacto.

XIX Mostra Internacional de Doces & Licores Conventuais.

Mosteiro de Alcobaça, entre 23 e 26 de novembro

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