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Círculo Lojas de Carácter e Tradição de Lisboa

Lojas Carácter e Tradição
Par JoÁ£o GALVÁƑO Il y a 7 ans
Catégories :
Cultura

É um nome pomposo e merece-o em toda a linha. Sirva-se de quilo e meio de orgulho lisboeta, se faz favor.

 

As Lojas de Carácter e Tradição de Lisboa são já 65 e para nos facilitar a visita quis o destino que se concentrassem maioritariamente na Baixa e no seu redor próximo. Pode ser a tal ourivesaria chique que até já fez cenário de filme do James Bond, uma tabacaria mais que centenária com meia parede em azulejo pintado pelo próprio Rafael Bordalo pinheiro, ou uma simples venda onde bacalhau e peixe enlatado são estimados e tratados como os rubis da tal ourivesaria.

Pastelaria Versailles, Avenida da República 15-A

 

O Círculo Lojas de Carácter e Tradição de Lisboa é mais uma iniciativa que o Fórum Cidadania Lx leva a efeito pela defesa da primazia da cidade. É uma espécie de clube seleto, composto apenas por lojas tradicionais e históricas, mas não pense que por isso só entram ourivesarias chiques; até pode vender bacalhau seco, desde que haja carácter e tradição, a loja pode integrar o clube.

Aníbal Gravador, Rua Nova do Almada 64

 

O pequeno comércio tradicional de qualquer bairro pode ser o pulso onde se sente a vitalidade: quando numeroso, significa que a cidade é habitada e feliz 24 horas por dia, não servido apenas de polo económico ou dormitório.

 

“Este é um projeto que visa apoiar, encorajar, estimular, reunir esforços e energias de modo a garantir a preservação, salvaguarda, viabilização presente e futura das lojas de carácter e tradição da cidade de Lisboa, divulgando-as junto do público e promovendo a sua excelência e sustentabilidade”. É assim que Paulo Ferrero, um dos seis membros do Fórum Cidadania Lx que fundaram o Círculo, o descreve.

Restaurante Estrela da Sé, Largo de Santo António da Sé 4

 

A admissão das lojas-membro “faz-se por convite do Círculo”, adianta Paulo Ferrero e segue, “ há uma determinada bitola de que não abdicamos, a saber: tratar-se de uma referência histórica e/ou artística e/ou vernacular e/ou espaço com particularidades arquitectónicas ou decorativas relevantes. Também pode ser critério vender ou produzir artigos ou serviços de excelência, não obrigatoriamente de luxo.  O espaço tem também que ter mantido a mesma a atividade há pelo menos 50 anos, centrar a sua atividade na cidade de Lisboa e assumir um compromisso ético e ambiental”.

Farmácia Gomes, Rua Rodrigo da Fonseca 101-A

 

Por fim perguntámos a Paulo Ferrero pelo reverso da medalha: o que pode começar a fazer já o comércio tradicional para voltar a ter a preferência dos consumidores? “Pode fazer muita coisa, ainda que imperceptível para os que apenas creem que o que é preciso é dar subsídios ao comércio, impedir a abertura de novos espaços ou centros comerciais, por exemplo, como forma de contrariar o desaparecimento do comércio tradicional das últimas décadas”.

 

“Cremos que esse desaparecimento é fruto do decréscimo do poder de compra das pessoas, da mudança de hábitos, mas também pelo ‘nivelamento por baixo’, que tem caracterizado o comércio, sobretudo o histórico. E há pequenas coisas que podem fazer toda a diferença: montras sofisticadas, horário adequado aos tempos que correm (por exemplo, há cada vez mais voos low cost para Lisboa que obrigam a pernoitar cá de domingo para segunda, e as lojas fecham ao domingo (??!!). É necessária também a preservação cuidada do espaço físico, dos seus aspetos patrimoniais e arquitectónicos, que são peças fulcrais do carácter e da tradição”.

 

http://circulolojas.org

 

 

Fotos por Artur Lourenço