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Palácio de Oeiras, o playground de um marquês favorito

Palácio do Marquês de Pombal
Par JoÁ£o GALVÁƑO Il y a 7 ans
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Turismo Lisboa

Oeiras é o que é graças ao Conde de Oeiras, que ficou na história como Marquês de Pombal. E bem mereceu ambos os títulos

 

Diz-se que por detrás de um grande homem há sempre uma grande mulher. Por detrás de um grande rei deve se calhar haver sempre uma grande rainha. Talvez assim seja na maior parte dos casos mas neste em concreto havia um grande primeiro-ministro.

 

José Sebastião de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal para toda a gente, foi o grande decisor político que manteve o Portugal do século XVIII na crista da modernidade europeia. Foi fervoroso mercantilista (teoria económica sua contemporânea, moderníssima na altura) que defendia a preservação e preferência da produção nacional sobre a importada.

Com o Mercantilismo em mente, o Marquês de Portugal criou zonas de produção demarcadas, como a do Douro, produtora do Vinho do Porto, defendendo os interesses económicos dos produtores, e mais relevantemente, da nação. 

 

A grande prova de fogo do desempenho do Marquês ocorreu na manhã do dia 1 de novembro de 1755. Um devastador terramoto, um consequente e enorme incendio, e um tsunami que varreu a boca do Tejo e toda a baixa lisboeta mataram pelo menos 10.000 de pessoas, uma percentagem enorme à época. A razão maior desta mortandade foi o dia ser de Finados, de manhã, e as igrejas, construções antigas, de grandes vãos e construção pouco segura, estarem cheias de crentes que assistiam às missas pelos familiares defuntos.

Dos escombros o Marquês de Pombal fez a Baixa de Lisboa como ela ainda é hoje em dia, com largos arruamentos, desenhados a regra e esquadro, e casas seguras e homogéneas entre si. Foi toda uma nova cidade moderna que nasceu, e que contrastava largamente, como ainda hoje em dia, com os bairros que permaneceram com as ruas como eram, tortuosas, estreitas e labirínticas, como é ainda Alfama ou a Mouraria. 

Este feito, moderno e arrojado, fez com que o rei D. José o agraciasse com o titulo de Conde de Oeiras, e dez anos depois com o up-grade de Marquês, agora de Pombal.

 

Das terras de Oeiras, de ar tão salutar trazido da Serra de Sintra pelas brisas e vivificado pelas maresias das praias, o Marquês/Conde fez os seus recreios: construiu um Palácio tão ao gosto de setecentos, e como diria o Ega dos Maias, de Eça de Queirós, a lembrar uma “vivacidade estouvada e sirigaita”. Assim será aos olhos de um intelectual cínico dos século XIX, como ele o era, mas aos nossos, de agora, não será exatamente por isso que nos encanta?

O Palácio do Marquês de Pombal e o rodeante paisagístico são desenhados para o lazer e para o recreio, tão setecentista, tão Paris e seu luxo decadente, que Portugal almejava e imitava. Os pisos térreos, onde ficam as salas de jantar, abrem para terraços relvados, passeios de buxo e há até mesmo uma ribeira, com o seu pequeno cais, para os jogos de água e passeios de barca.

 

Há quem diga que, por não ostentar mobiliário nem decoração móvel, o Palácio parece nu. Muito pelo contrário, o facto de assim ser faz com que melhor se aprecie o trabalho dos artistas da época, como Machado de Castro ou André Gonçalves e Joana do Salitre. E brilha mais ainda o trabalho do arquiteto Carlos Mardel, um dos favoritos do Marquês, responsável também pela traça da Baixa pós-terramoto.

 

O Palácio é encantador e visitável, mas aquilo que não o é, por estar interdito para intervenção de fundo, é a cereja desde bolo: a Casa da Pesca, com cascata artificial verde e molhada de musgos e avencas, e largo lago como um espelho de água, e ao centro, um tritão que nele jorra água cantante. De um lado e do outro, a emoldurar a cascata e a servir de cenário ao lago, cenas de género em azulejo azul e branco. Este conjunto, tão século dezoito, um Versailles pequeno, mimoso e português, está separado do resto da Quinta do Marquês, e do Palácio, pela estrada e pela vida moderna, e fica nos terrenos da Estação Agronómica.

 

Enquanto a obra decorre deixamos-lhe aqui em baixo um amuse-bouche do espaço, num trabalho realizado por mim para uma revista, com fotografia do querido amigo Paulo Lima.

Todo o conjunto, o Palácio, os Jardins e a Casa da Pesca, estão classificados como Monumento Nacional desde 1953. 

Mais info aqui.