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Conheça João Galvão, o novo redator do Lisbonne Idée

João Galvão
Par Inês ALMEIDA Il y a 7 ans
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Entrevistas

Desvende os segredos de Lisboa com a ajuda de João Galvão

 

Fale-nos do seu percurso profissional. Como se descreveria enquanto jornalista?

 

Nem sempre fui jornalista. Fui modelista, depois emigrante em Macau, professor no curso de moda do IADE durante 10 anos, e só depois vim parar às letras. Penso que o meu passado profissional se reflete no que faço agora. Moda não são só bonecos; para bem fazer bonecos é precisar estudar muito e de tudo, história, história da arte, sociologia, psicologia, geografia, estatística, tudo. Quanto mais se sabe destas coisas, melhor o boneco. Pelo mesmo motivo, quanto mais se sabe destas coisas, melhor o texto. Eu tento saber de tudo, sou naturalmente coscuvilheiro. É a minha maior virtude.

 

 

Porquê o Lisbonne Idée? O que o atrai neste projeto?

 

Não vou responder como se esperaria , vou dizer a verdade: todo o trabalho que me chega eu agradeço ao Universo. Depois está na equipa um homem que estimo imenso,  que foi meu diretor numa revista de decoração e com quem aprendi muito, e estou muito feliz por voltar a trabalhar com ele.

 

O Lisbonne Idée é mesmo uma bonne idée, também eu quando sou turista agradeço todo o trabalho que alguém tenha para me dizer onde ir e o que fazer enquanto estou numa cidade que não é a minha; não há nada pior que perder tempo e dinheiro a ver coisas que não valem a pena, para depois, no avião de regresso a casa, concluir que não vi aquela exposição nem provei aquele vinho que só ali havia. E por ser num suporte digital, onde se escreve e se publica imediatamente se se quiser, faz com que se trabalhe quase em direto, sem aquele delay que parece (e é mesmo!), uma coisa do século passado, com diferença de dias e semanas entre escrever a notícia e esta ser lida. Ganha toda a gente, o jornalista, o leitor e a cidade.

 

 

O que sente em relação a este renovado interesse turístico por Lisboa?

 

Penso que no pior dos casos pode ser um presente envenenado. Claro que é ótimo para a economia, e, em última instância, para os lisboetas e restante nação, mas fico triste quando fecha uma loja centenária, onde ia com a minha mãe, ou a pastelaria onde às cinco da manhã ia com a grupeta comprar bolos quentes depois da noite no Bairro Alto. Para que o turismo tenha continuidade, na qualidade e no tempo, é necessário evitar a descaracterização implicada nesta ‘demasiada sede ao pote’ que temos visto. De contrário, corremos seriamente o risco de em pouco anos haver em Lisboa apenas turistas que se vêm ver uns aos outros, e mais nada. E depois, nem turistas nem o resto que existia e pelo qual vinham afinal os turistas. Dizermos que somos um país de sol sem terroristas não chegará para encher um folheto de agência de viagens.

 

 

Por que considera Lisboa uma cidade especial?

 

Nasci cá, em São Vicente de Fora, na rua mais bonita do mundo! É a minha cidade, e mesmo que não o fosse, seria para mim sempre a mais bela. Já estive em muitas cidades, e é mesmo verdade que a luz de Lisboa é a melhor que vi até agora. Durante os anos em que fui produtor em revistas de decoração sempre achei uma parvoíce ver os meus colegas enfiarem-se num estúdio fechado para fotografar, com esta luz cá fora durante todo o ano.

 

Nós, os lisboetas, somos resultado de um caldo de raças e culturas por vezes díspares e contraditórias, e é este caldo, bem misturado e homogéneo, que faz com que toda a gente se sinta bem recebida. Porque somos também povo que emigra, e que no passado se fez ao mar sem saber o que havia do outro lado, penso que criamos facilmente empatias com outros que falam outra língua ou pensam de outra forma; está cá dentro, no nosso adn.

 

 

O que podemos esperar do João Galvão no Lisbonne Idée?

 

O melhor que conseguir, prometo. Pelo menos ser mais que uma lista de what-to-do. Tenho a certeza de que vou escrever mais e melhor sobre as coisas que me agradam ou que me agitam, que eu cá sou muito pessoa. O lazer agrada-me, o não fazer nada num sítio bonito, agrada-me muito a nossa herança histórica e cultural, adoro andar na rua, seja na época dos jacarandás floridos, seja nas madrugadas de neblina de maresia fria. Gosto muito de mercados e tenho a certeza que vou falar mais vezes com e sobre peixeiras do que com donos de hotéis. Nada contra estes, mas divirto-me mais a escolher carapaus do que a elogiar gravatas.