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Uma Casa de Pasto à antiga com uma cozinha contemporânea

Casa de Pasto
Par Inês ALMEIDA Il y a 7 ans

Deixe-se levar nas mãos do chef da Casa de Pasto e conheça o melhor da gastronomia portuguesa

 

A Casa de Pasto situa-se no n.º 20 da Rua de São Paulo, em pleno Cais do Sodré, ao pé de vários marcos da noite lisboeta. A entrada é discreta e a surpresa esconde-se atrás das portas. Cruzar a porta da Casa de Pasto é, para qualquer português, o equivalente a obter um bilhete para uma viagem no tempo, recuando às casas das nossas avós, tendo elementos tão portugueses na decoração como as louças de Bordalo Pinheiro ou os pratos com dizeres afixados na parede (a mais fotografada do espaço, que encima uma sala intimista).

 

A decoração do espaço merece tamanho destaque pois foi planeada à minúcia pela equipa, para remeter para as casas de pasto do século XIX. “Este conceito das casas de pasto surge em lisboa no século XIX quando os alfacinhas [lisboetas] começaram a passar os fins-de-semana nas quintas. Dos sítios que antes eram utilizados para alimentar os animais, sentiu-se a necessidade de os usar para alimentar as pessoas. Os donos das casas de pasto agarravam nos produtos que tinham e faziam refeições. Regra geral eram sempre pratos de partilha e faziam-se acompanhar de vinho”, explica Roger Mor, o responsável de comunicação do grupo Mainside.

 

 

Casa de Pasto

 

 

Quem vai comer à Casa de Pasto, pode optar pelo menu ou por ficar “nas mãos do chef”, experimentando o menu de degustação. O chef Hugo Dias de Castro tomou as rédeas da cozinha em 2016, depois de passar pelo restaurante Tabik, criando o conceito “nas mãos do chef”, que todos os dias leva às mesas dos clientes os produtos mais frescos. Este conceito assemelha-se ao conceito inicial das casas de pasto, em que os donos agarravam nos produtos de época e faziam refeições diferentes todos os dias.

 

A equipa do Lisbonne Idée deixou-se ficar “nas mãos do chef” e experimentou a deliciosa cadência de pratos que chegaram à mesa, que honram a cozinha portuguesa elevando-a a novas alturas. Para abrir as hostilidades, chega à mesa o couvert, com pão feito na casa, a tradicional broa de milho, azeitonas temperadas, cenoura marinada à algarvia e uma taça com azeite Distintus, que vem de uma pequena produção e já é apelidado de “azeite dos chefes”, devido à sua elevada qualidade.

 

 

Xara de porco com puré de cebola e torremos

Xara de porco com puré de cebola e torremos

 

 

A refeição segue com a sopa, desta feita um creme frio para ajudar a lidar com o calor que se faz sentir nesta época do ano. O creme de tomate fresco assemelha-se a gaspacho, mas surpreende com o toque da beringela fumada e da muxama de atum. A seguir vêm para a mesa três entradas para partilhar, ou não fosse essa a filosofia de uma boa casa portuguesa, a morcela assada que casa na perfeição com a acidez da textura de maçã, o xara de porco com puré de cebola e torresmos crocantes e a salada de gambão com pimentos assados.

 

O prato principal é um arroz, um dos produtos base da cozinha tradicional portuguesa. Este é servido malandrinho, com coentros, salicórnia e lulas bebés. Os sabores que associamos à cozinha nacional estão lá, mas a sua união é pouco comum, e resulta de forma absolutamente harmoniosa. O que a Casa de Pasto tem de tão interessante é a capacidade de unir o tradicional à inovação, satisfazendo quem procura os sabores originais da sua infância, numa nova forma de os servir. Mais leve e com a conjugação de ingredientes que, à partida, são inesperados mas que casam bem.

 

 

Arroz de coentros e salicórnia com lulas bebés

Arroz de coentros e salicórnia com lulas bebés

 

 

A finalizar o repasto chegam as sobremesas. A torta de cenoura com gengibre e chocolate branco é um prato que já acompanha o chef Hugo Dias de Castro do último restaurante em que esteve. A doçura da torta e do chocolate branco é cortada pela frescura do gengibre e das folhas de hortelã, sendo que a cada garfada há uma alternância de sabores, entre o fresco e o doce, que resulta muito bem. As rochas de avelã, que vieram a seguir, são reinterpretações do famoso bombom Ferrero Rocher. Nestas sente-se o crocante da avelã e o ligeiro amargo do cacau, resultando num sabor muito mais interessante que o industrial doce original.

 

“Gostamos muito que os nossos clientes se sintam à vontade para partilhar. Numa boa casa portuguesa tem de se partilhar o tacho, tem de se partilhar o “comer”, como se diz”, graceja o chef Hugo Dias de Castro. “Portanto é basicamente isso, somos uma cozinha confortável, simples, não queremos ostentar nada. O que entregamos é sabor e, depois, estética”, acrescenta. O chef explica que no final deste mês vai entrar a nova carta. Nesta há pratos como o creme de marisco, que Hugo Dias de Castro descreve como “um dos melhores cremes de marisco de Lisboa, senão o melhor”, assim como uma caldeirada de bacalhau, onde são utilizadas todas as partes do bicho, do lombo à língua. É caso para fazer uma nova visita e deixarmo-nos transportar pelo melhor da gastronomia portuguesa.

 

 

Torta de cenoura com chocolate branco e gengibre

Torta de cenoura com chocolate branco e gengibre

 

 

Endereço: Rua de São Paulo 20, 1200-014 Lisboa

Telefone: (+351) 96 373 9979

Horário: das 12h30 às 15h00 e das 20h00 às 00h00 (encerra ao domingo)