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O bolo rei do Rei Maior

Bolo-Rei
Par JoÁ£o GALVÁƑO Il y a 7 ans

Único, endógeno e delicioso, o Bolo-Rei é doce de Natal português e de mais ninguém. Para mim, de Natal e de todo o ano

 

Deve chamar-se Bolo-Rei porque lembra uma coroa cravejada de rubis, esmeraldas, topázios e filigrana de ouro. Neste caso, de fruta cristalizada, nozes e palha-de-abrantes ou gila.

 

Outros dizem que o nome honra os 3 Reis Magos que rumaram a Belém para honrar o Deus-Menino com ouro, incenso e mirra. Em Portugal é presença obrigatória tanto na Ceia de Natal como na mesa a dia 6 de janeiro, Dia de Reis.

 

O Bolo-Rei tem dois parentes próximos, um com quem partilha o processo de fabrico, o bolo de frutas inglês, e outro francês, também para o Dia de Reis, onde se inspira no brinde que a massa oculta: a galette des rois traz tradicionalmente um pequeno anel, berloque ou bonequinho em porcelana, que a quem sair confere o pomposo nome de rei da festa.

 

Originalmente o nome deste brinde é fève, e desta designação virá com certeza a adenda portuguesa à galette, que só o Bolo-Rei oculta. É que para além do pequeno presente, o Bolo-Rei trazia também uma fava seca, e esta fava pode muito bem ser uma má tradução do francês de uma muito boa cozinheira portuguesa. A tradição mandava que a quem saísse esta fava oferecesse o Bolo-Rei seguinte.

 

Já deve ter reparado que esta última parte do texto está escrita no passado. Hoje em dia é proibido o comércio de Bolo-Rei com brinde e com fava (mais uma lei pateta, a entrar na categoria que fruta feia ou pepinos tortos não se podem vender nos supermercados europeus).

 

Para ter um Bolo-Rei com tudo aquilo a que tem direito tem que o fazer em casa. Se tiver um forno de lenha, melhor ainda, o Bolo-Rei é basicamente um pão doce enfeitado, e agradecerá muito o calor refratário.

 

Como para qualquer pão é obrigatório usar fermento de padeiro fresco, 25 gr, que deve acordar com duas colheres de chá de açúcar, 100 gramas de farinha e 75 ml de água morna. Misture, cubra e guarde em local morno e escuro, até dobrar o tamanho.

 

Idealmente esta massa a seguir gosta de ser batida à mão e num alguidar de barro. Se não tiver um, compre, é barato e para além de ser útil noutras receitas portuguesas fica super bem numa cozinha.

 

Numa taça aparte junte a raspa de um limão, a raspa de uma laranja, 2 colheres de sopa de Porto, 1 colher de sopa de rum, 100 gr de passas de uva sem grainhas e 250 gr de frutas cristalizadas sortidas. Deixe amolecer por alguns momentos.

 

No tal alguidar de barro, grande, ao tamanho de um bolo para um rei, misture até homogeneizar finamente 150 gr de manteiga com outro tanto de açúcar. Junte um a um 3 ovos e duas gemas. Quando a mistura estiver completa, acrescente um pouco de farinha e mexa. Acrescente 70 ml de leite morno e 300 gr de farinha, aos poucos e batendo sempre. Incorpore a mistura anterior do fermento e misture bem. Junte à massa a fruta cristalizada amolecida, com os líquidos, e 25 gr de pinhões, 50 gr de amêndoas e a mesma quantidade de nozes partidas grosseiramente. Misture.

 

Junte aos poucos mais 300 gr de farinha, até que a massa tenha o aspeto da do pão, e se cole ligeiramente aos dedos. Cubra o alguidar com um pano e deixe a massa descansar num local morno até dobrar de tamanho, em média cerca de uma hora.

 

Pré-aqueça o forno a 190º. Sobre um tabuleiro untado disponha a massa num círculo com buraco ao meio, e por fim, oculte a fava e o brinde proibidos pela União Europeia, em pontos distantes do bolo. Decore-o com fruta cristalizada e nozes como se fora realmente uma coroa e pincele com um ovo batido, para um brilho extra. Tape-o novamente para que cresça mais um pouco, durante mais uma hora e leve-o ao forno durante cerca de 40 minutos.

 

Deixe arrefecer um pouco e polvilhe aqui e ali com açúcar em pó.

 

 

Foto de abertura do Chef Hernâni Ermida