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Cascatas & Tronos: Porto e Lisboa pagãos mascarados de sagrado

Tronos e Cascatas de Junho
Par JoÁ£o GALVÁƑO Il y a 6 ans
Catégories :
Cultura

No Porto há as Cascatas de São João, em Lisboa os Tronos de Santo António. Cidades e santos diferentes, o que os une é o solstício.

 

Junho é mês de festas de Santos Populares por todo o país. Pelo menos desde que a Igreja de apropriou das ancestrais festividades pagãs que celebravam o Solstício e as promessas de bom tempo e colheitas fartas; foi uma espécie de brilhante ato de marketing, mudando a marca mas mantendo os consumidores.

 

O Santo António de Lisboa celebra-se a 13 de junho e o São João do Porto a 24, e sobre as Festas, inseridas nas das cidades, voltaremos com todas as agendas oficiais. O que nos traz agora é uma pequena, mas relevante e curiosa tradição associada às festas. Relevante ao ponto de ambos os Municípios terem aberto, de há uns anos para cá, concursos oficiais ao tema: os Tronos em Lisboa e as Cascatas no Porto.

 

 

Um Trono de Santo António é um pequeno altar, de feitura ingénua, que as crianças dos bairros populares de Lisboa montavam nas ruas, por alturas da festa do santo. Era usado como desculpa para pedir a quem passava “um tostãozinho (isto foi antes da UE, hoje pediriam um cêntimozinho) para o Santo António”, numa cadência pedincha. Pedir para o Santo António era uma arte, e a carinha certa + cadência certa + Trono certo era igual a um bom pé-de-meia depois da festa.

O Trono é construído como uma pequena escada enfeitada de flores, moedas, tudo aquilo que se deseje ao santo e a nós, sorte, fortuna, saúde e alegria. Podem ser clássicos, ou modernos e interventivos, e por vezes a s escolhas refletem as idades e os desejos profundos de quem montou o altar.  

A tradição nasceu logo após o grande terramoto de 1755, como forma de os lisboetas pedirem esmolas para reconstruir a Igreja de Santo António, parcialmente destruída pelo desastre. 

A Igreja reconstruíu-se, mas o hábito de pedir em nome do Santo, e ganhar algum dinheiro extra para bifanas e sardinhas, manteve-se.

 

 

As Cascatas são do São João, o grande padroeiro do Porto. As primeiras deverão ter aparecido por meados do século XIX, como forma popular de celebrar, à porta de cada um, o Santo da cidade. As pessoas começaram a usar os presépios que tinham em casa, tiravam do centro a Sagrada Família e colocavam o Santo, muitas vezes acompanhado do primo, Cristo, a batizá-lo. 

Este ritual do batismo, e a água que lhe é inerente, foi o que originou o nome “cascata” e a paisagem faz lembrar a do Porto, colinas e vales, com algum musgo (roubado também aos presépio), e as mesmas figuras populares, anónimas e trabalhadoras, espalhadas pela paisagem.

 

Em Lisboa a EGEAC (a empresa pública que gere as Festas de Lisboa) e o Museu de Lisboa – Santo António convidam todos os queiram participar nesta tradicional memória da cidade a inscrever-se aqui, até dia 27 de maio. Os Tronos de 2018 têm que estar em exposição, pelas ruas de Lisboa, nos dias 2 e 3 de junho. Depois disso cabe a cada artista decidir se mantém o seu Trono exposto até final do mês.

Como antes, será criado um roteiro expositivo disponível em lisboanarua.com e museudelisboa.pt para quem os queira conhecer in loco.

 

 

No Porto as inscrições acabaram já no passado dia 22, mas estamos todos convidados para ir visitar as propostas escolhidas e publicadas a 25 no site institucional do Município. A Câmara irá atribuir prémios que variam entre os 500 e os 1000 euros às Cascatas que de melhor forma honrem o Santo padroeiro do Porto. 

 

 

Imagens retiradas dos sites oficiais de ambos os Municípios